Empresas
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Rafael Rosas*, Valor — Vitória


A Vale inaugura nesta terça-feira (12), na unidade de Tubarão, em Vitória, a primeira fábrica de briquete do mundo. A mineradora já tem mais de 30 clientes que demonstraram interesse em receber o produto no ano que vem, a maior parte da Europa e do Oriente Médio, embora haja interessados em outros locais, inclusive do Brasil. Segundo a empresa, os pedidos já garantem a demanda por mais de um ano.

Os testes com carga na primeira planta tiveram início em agosto e apresentaram bons resultados, possibilitando o início da operação da primeira planta ainda neste ano. Uma segunda planta em Tubarão tem inauguração prevista para o início de 2024. Juntas, terão capacidade de produzir 6 milhões de toneladas por ano – resultado de um investimento de R$ 1,2 bilhão e que gerou 2.300 empregos no pico das obras. Em 2024, as duas plantas de Tubarão irão produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas. A produção crescerá gradativamente até atingir os 6 milhões de toneladas por ano.

A produção dos dois primeiros anos será destinada a testes nas instalações desses clientes. O produto desenvolvido pela Vale reduz em até 10% as emissões de gases de Efeito Estufa (GEE) no alto-forno e pode possibilitar, no futuro, a produção de aço de zero emissão, quando o hidrogênio verde estiver disponível.

“Estamos oferecendo um produto que apoiará nossos clientes, os fabricantes de aço, a se adequarem às metas de redução de emissões que estão sendo adotadas por governos em todo o mundo, contribuindo para o combate à mudança climática”, afirma, em nota, Eduardo Bartolomeo, presidente da Vale. “Além disso, estamos induzindo a neoindustrialização do Brasil, que será baseada na indústria de baixo carbono, e cumprindo mais uma vez a vocação da Vale de âncora do desenvolvimento regional”, acrescenta.

Também em nota, o vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro, Marcello Spinelli, ressalta que o interesse demonstrado pelos clientes deixa a mineradora confiante de que o briquete veio para “revolucionar a produção de aço”. “A descarbonização da siderurgia se dará em etapas. Na primeira, nossos clientes estão buscando formas de aumentar a eficiência operacional na rota de alto-forno, reduzindo o gasto de energia e, consequentemente, diminuindo emissões de CO2. Nesse estágio, o briquete já faz diferença. E na etapa final, quando o hidrogênio verde estiver disponível, o briquete contribuirá para a produção de aço de zero emissão, o que será feito por meio da rota de redução direta, considerada mais ‘limpa’ que a do alto-forno.”

O briquete é produzido a partir da aglomeração a baixas temperaturas de minério de ferro de alta qualidade, utilizando uma solução tecnológica de aglomerantes que confere elevada resistência mecânica ao produto final. Anunciado pela Vale em 2021, o produto emite menos particulados e gases como dióxido de enxofre (SOX) e o óxido de nitrogênio (NOX) quando comparado aos processos tradicionais de aglomeração, além de dispensar o uso da água em sua fabricação.

O desenvolvimento do briquete teve início no Centro de Tratamento de Ferrosos (CTF) da Vale, em Nova Lima (MG), há cerca de 20 anos. A ideia de aglomerar minério de ferro por meio da briquetagem não era nova, mas os pesquisadores tinham dificuldade de garantir que o produto mantivesse a integridade no alto-forno. A Vale desenvolveu uma solução de aglomerantes que resolveu esse problema.

No momento, a Vale está desenvolvendo a versão do briquete para a rota de redução direta. Testes foram realizados com sucesso, e a empresa já iniciou a primeira experimentação industrial, em um reator na América do Norte.

A produção de aço se dá, principalmente, por duas rotas: rota de alto-forno e rota de redução direta. O processo via alto-forno é amplamente utilizado pelas siderúrgicas ao redor do mundo, porém altamente intensivo em emissões devido à utilização de coque (produzido a partir do carvão mineral) como principal insumo. Nessa rota, o uso do briquete pode substituir a sinterização, etapa onde ocorre a aglomeração do minério de ferro, permitindo potencial redução das emissões de GEE dos clientes em até 10%.

Já para a produção de aço via rota de redução direta é utilizado o gás natural como alternativa ao coque. Nesse processo, briquetes e pelotas são utilizados para produção de HBI (hot-briquetted iron ou ferro-esponja) – produto intermediário entre o minério de ferro e o aço –, que por sua vez é colocado em um forno elétrico para produção de aço com menor emissão do que a rota tradicional via alto-forno.

Fornos de redução direta são utilizados em regiões com abundância de gás natural a preços competitivos, como é o caso do Oriente Médio. No ano passado, a Vale fechou acordos com Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Omã para a criação de “mega hubs”, complexos industriais destinados à produção de HBI, inicialmente tendo o gás natural como fonte de energia. No futuro, com a utilização de hidrogênio verde no lugar do gás, o HBI pode viabilizar a produção de aço verde, com zero emissão de GEE. A mineradora também assinou duas parcerias para estudos de viabilidade desses complexos industriais no Brasil e nos Estados Unidos.

O briquete está incluído na estratégia da Vale de reduzir em 15% as emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035. A empresa já assinou acordos para oferecer soluções de descarbonização com mais de 50 clientes, responsáveis por 35% dessas emissões. A Vale também busca reduzir suas emissões líquidas de carbono diretas e indiretas (escopos 1 e 2) em 33% até 2030, como primeiro passo para zerar suas emissões líquidas até 2050.

*O repórter viajou a convite da Vale

Em 2024, as duas plantas de Tubarão irão produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas — Foto: Divulgação/ Rafael Coelho/ Vale
Em 2024, as duas plantas de Tubarão irão produzir cerca de 2,5 milhões de toneladas — Foto: Divulgação/ Rafael Coelho/ Vale
Mais recente Próxima Usiminas vai desligar alto-forno 1 em Ipatinga após alto-forno 3 retomar produção normal
Tudo sobre uma empresa
Acesse tudo o que precisa saber sobre empresas da B3 em um único lugar! Dados financeiros, indicadores, notícias exclusivas e gráficos precisos - tudo para ajudar você a tomar as melhores decisões de investimento
Conheça o Empresas 360

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Assessoria do governador não descarta ida para o PL no futuro, mas que não há previsão para troca de partido nem movimentação do político nesse sentido

Forças de Putin atacaram resort à beira de lago e Kiev espera novos bombardeios

Ucrânia acusa Rússia de ataques em Kharkiv que mataram ao menos 11

Presidente do Fed não menciona inflação, juros ou economia, mas aborda experiências de vida

Prefeito diz que projeto é ‘Parque do Flamengo do século XXI’

Paes anuncia novo parque na região do Porto do Rio

Chuvas causaram ao menos 157 mortes e 806 feridos. Ainda há 88 pessoas desaparecidas

País europeu exige pedido público de desculpas

Espanha chama de volta embaixadora na Argentina acusando Milei de ter insultado país

Em entrevista ao Valor, o ministro de Lula à frente da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do RS também negou que haja politização com o cargo e afirmou ter votado em Eduardo Leite nas eleições de 2022

Pimenta diz que extrema-direita se aproveita da tragédia e que críticas são 'má-vontade'

Do primeiro trimestre de 2019 para o mesmo intervalo deste ano, o volume de unidades vendidas na vizinhança da Zona Oeste cresceu 88,2%

Sucessor do moderado Hassan Rouhani, Raisi mantém instituições políticas importantes do país sob o controle da chamada linha dura do regime

Quem é Ebrahim Raisi, ultraconservador que preside Irã desde 2021