"Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde quiser, mas não vai substituí-lo como motorista"
Ayn Rand
SUNO CALL #874
Falar que ser bilionário é imoral virou moda. Por que será?
Na última semana, David Vélez, co-fundador do Nubank, anunciou que doaria toda sua fortuna como forma de filantropia para o The Giving Pledge. O projeto, criado em 2010 por Melinda Gates, Bill Gates e Warren Buffett, tem como objetivo incentivar que bilionários do mundo doem mais da metade de sua fortuna para caridade. Hoje, mais de 200 indivíduos e famílias com mais de US$ 1 bilhão se comprometeram com a causa, apenas uma delas no Brasil, a família de Elie e Susy Horn. Elie foi fundador e é ex-presidente da Cyrela.
Entre os filantropos estão Mark Zuckerberg, do Facebook; os financistas Ray Dalio e Bill Ackman; Elon Musk, da Tesla e Reed Hastings, da Netflix, além dos próprios fundadores do projeto. Agora, Vélez e sua mulher, Mariel Reyes, aumentam a fileira dos interessados em deixar parte da fortuna que acumularam ao longo da vida para criar melhores condições no mundo.
O patrimônio de ambos é estimado em US$ 5 bilhões, vindos principalmente da participação acionária no Nubank. De acordo com a carta de adesão que assinaram, o foco da filantropia será nivelar a oportunidade dos jovens da América Latina.
A atitude mais do que louvável deveria ser inquestionável. É uma doação de patrimônio pessoal voltada a melhorar o mundo. No entanto, por incrível que pareça, não faltaram críticas sobre o anúncio nas redes sociais. A frase “ser bilionário é imoral” virou o bordão dessa turma contra boas ações. São pessoas que não entendem como funciona o sistema capitalista que, mesmo com todas as injustiças, ainda é o melhor que temos para o desenvolvimento humano.
O gráfico acima, ajustado pela inflação, mostra como a extrema pobreza relativa ao total da população diminuiu no mundo nos últimos dois séculos. Isso acontece por um motivo simples: a livre iniciativa de empreender. Bilionários, como Vélez e a maior parte dos outros signatários do The Giving Pledge só existem porque criam valor para pessoas que podem consumir seus produtos ou serviços e, assim, pagar por eles. Com isso, geram milhares - em alguns casos centenas de milhares - de empregos. Ou seja, é uma contribuição efetiva para diminuição da pobreza, ainda que o acúmulo de capital possa aumentar a desigualdade.
Além disso, os números exorbitantes mostrados nos principais rankings de riqueza acabam por passar uma desinformação, pois desconsideram que grande parte desses patrimônios bilionários é ilíquido e perderia muito valor se fosse transformado em dinheiro de uma hora para outra. O próprio David Vélez fundou uma empresa que até hoje não dá lucro e só tem esse valor de mercado porque investidores esperam que ele e seus executivos consigam mudar o cenário no longo prazo.
Mas qual seria a avaliação da empresa se ele decidisse sair hoje? Os fundos de venture capital que aportaram no desenvolvimento do banco aceitariam isso tranquilamente? Mesmo no caso de Elon Musk, que tem a maior parte de sua fortuna vinda da Tesla, uma empresa listada em bolsa, qual seria a queda no valor das ações se ele começasse a vender suas ações? Sua fortuna seria impactada, com certeza.
Isso quer dizer que não existem problemas no sistema atual? Não. Existem, e muitos. Um deles é que, proporcionalmente, pessoas muito ricas pagam menos impostos. Outro é que, mesmo em países ricos, ainda vemos miséria. Muitos bilionários não têm o mesmo impacto para o mundo que empreendedores como Jeff Bezos, da Amazon, ou outros citados nesse texto.
O número de self-made billionaires, no entanto, é cada vez maior. Winston Churchill dizia que a democracia é o pior dos sistemas de governo, exceto por todos os outros. O mesmo vale para o capitalismo, que é o pior sistema econômico, com exceção dos demais.
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09h30: Pedidos de seguro-desemprego da última semana nos Estados Unidos;
16h00: Índice de atividade econômica (que precede o PIB) em agosto na Argentina;
16h00: Balança comercial em agosto na Argentina;
18h30: Live do Suno Notícias com os principais temas do dia e o quadro “Quinta com Suno Consultoria”;
20h30: Inflação de julho no Japão;
22h30: Taxa preferencial de empréstimo no Banco Central da China.
MORNING CALL
Com EUA em queda, o resto do mundo não tem outro caminho
Bom dia!
Os mercados internacionais, em conjunto, sofrem com os cenários econômico e geopolítico conturbados. A expectativa de recuperação econômica global contrasta com a tendência de corte de estímulos, ao passo que a inflação corre na frente dos formuladores de política monetária.
No Brasil, o Ibovespa teve seu terceiro pregão consecutivo de baixa na véspera, caindo 1,07%. O índice já recua 2% no ano, passado o momentum das commodities, reformas travadas no Congresso e notícias de desaceleração global. Veja aqui os motivos da queda de ontem.
Já nos Estados Unidos, as atenções ficam voltadas à visão do Banco Central. Na ata da última reunião, o Fed disse que a alta da taxa de juros, que preocupa os mercados acionários, independe da redução da compra de ativos pela autoridade monetária. O S&P 500 caiu 1,07% ontem, e recua no mercado futuro. Saiba mais sobre o cenário norte-americano.
As cidades que crescem mais rápido em população no mundo. Foto: Visual Capitalist
O QUE MEXE COM SEU BOLSO HOJE
ECONOMIA
Fed quer fechar torneira da liquidez
Foto: Pixabay
Na ata divulgada na tarde da última quarta-feira, os integrantes do BC norte-americano tentaram apontar ao mercado que uma redução "proporcional" na compra de Treasuries e de títulos lastreados em hipotecas seria benéfica para a economia. Na visão do colegiado, o mercado imobiliário do país está aquecido e não precisa de mais estímulos. Veja aqui os detalhes da ata.
Para o Fed, o pontapé inicial do tapering poderia vir acompanhado por reduções graduais no ritmo de compras, mas isso depende do curso da economia. Embora tenha um caminho diferente, a taxa de juros norte-americana também depende da recuperação econômica estadunidense, e está no radar dos investidores. Um aperto na política monetária pode mitigar o apetite por risco nos mercados.
Liquidez. Após cerca de 18 meses de estímulos ininterruptos, o Fed começa a discutir de forma mais intensa certa austeridade. Há cerca de dois anos, o balanço do BC estava em US$ 4 trilhões e a expectativa é de que ano que vem atinja US$ 9 trilhões. Em nenhum outro momento o Fed dispôs de tantos esforços como no combate à pandemia.
DÍVIDAS
Ministério Público de Minas cobra R$ 50 bilhões de Vale e BHP
Foto: Divulgação Vale
O rompimento da barragem de Mariana, em novembro de 2015, ainda faz estragos. O Ministério Público do Estado de Minas Gerais abriu uma ação exigindo o pagamento de R$ 50,7 bilhões pela Vale (VALE3) e BHP Billiton. O montante equivale às dívidas da Samarco, controlada por ambas as empresas. O argumento por trás do MP é que existe fraude na recuperação judicial da Samarco, e que o processo tem de ser paralisado.
O órgão público entende que Vale e BHP possuem responsabilidade "objetiva e solidária" em relação às obrigações socioambientais que envolveram a tragédia de seis anos atrás. Credores da Samarco já haviam entrado na Justiça para cobrar dívidas contraídas pela Samarco que, obviamente, não foram pagas.
Proteção. Segundo a ação do MP, o processo de recuperação judicial da Samarco é usado como um escudo para a abstenção das obrigações. A Vale disse ao mercado que, até a noite da última quarta, não havia sido notificada oficialmente. Saiba mais sobre o caso.
Após o IPO bem sucedido da Smart Fit, enchendo o caixa da empresa em mais de R$ 2 bilhões, a concorrência não quer ficar parada. A Blue Fit pode levantar mais de R$ 600 milhões com a abertura de capital, que pode ocorrer no mês que vem. Segundo o jornal Estado de S.Paulo, cinco fundos já estariam interessados nas ações da empresa.
Por outro lado, a centenária Lupo, fabricantes de meias, cuecas e artigos esportivos, protocolou seu pedido de IPO na CVM na última quarta. A empresa quer utilizar os recursos para fomentar aquisições e seu crescimento orgânico. O Itaú BBA irá conduzir a operação, que ainda não tem seu cronograma definido.
Sobe e desce. O número de aberturas de capital na B3 neste ano já ultrapassou o total do ano passado. Até agora, existem casos de sucesso e de queda. Clique aqui e veja as ações que mais subiram desde o IPO, e aqui para ver as que mais caíram.
Saúde. O ano começou aquecido para a empresa de saúde, que registrou consecutivos IPOs na B3. Contudo, recentemente o segmento começou a patinar com a alta concorrência e maior seletividade dos investidores. Veja aqui a matéria especial.
Ciberataque. A T-Mobile, uma das maiores empresas de telefonia móvel do mundo, disse que sofreu um ataque hacker que afetou 40 milhões de pessoas. Vazaram uma série de informações pessoais. Clique aqui e saiba mais.
Frete. O preço do frete marítimo disparou nas últimas semanas, com o custo de enviar um navio da China aumentando 950% em comparação ao pré-pandemia. Isso desacelera economias e eleva a inflação mundo afora. Entenda o que está acontecendo.
RADAR DE EMPRESAS
A Rede D’Or (RDOR3) comprou 1,10 milhão de ações da Alliar (AALR3), com volume total de R$ 12,63 milhões, a preço médio de R$ 11,42 por papel. Agora, a Rede possui 3,08% do capital social da empresa.
A Azul (AZUL4) fechou um acordo de compartilhamento de voos com a Emirates Airlines. As vendas compartilhadas começaram ontem, mas valem para clientes que pretendem viajar a partir do dia 25 de agosto.